49. Plantação


fonte da imagem: http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/BXK62697_plantacao-de-alface-sao-joao-del-rei-mg800.jpg

Tem que plantar para colher
Quase nada cai do céu
Mas tem que saber o que se quer
Para não jogar sementes ao léu

Nem se surpreender com a colheita
Ela é fruto da plantação
Uma escolha de sementes mal feita
Pode gerar grande frustração

E consequente mau entendimento
Do que poderia ter dado errado
Bota-se a culpa na chuva, no vento
Em vez de se analisar o que fora plantado

Há tempos para plantar e há tempos para colher.

Gosto cada dia mais dessa metáfora aplicada a tudo que desejamos da vida.

Quando nos deparamos com frustrações e fracassos, sempre é bom analisar se plantamos direitinho e acompanhamos com atenção as fases de cuidado que toda plantação exige, para colhermos tudo aquilo que esperamos colher.

Do amor sincero ao sucesso profissional, da família bonita aos amigos leais, fizemos por onde conquistar pessoas e realizações?

Se a resposta for um honesto não, a boa notícia é que sempre dá para recomeçar a plantação; às vezes se pode aproveitar parte do que restou no solo, noutras é preciso começar do zero. Mas sempre é possível recomeçar, não importa a idade que se tenha, desde que as expectativas sejam proporcionais às condições.

E que fique claro que plantar direitinho não é garantia de boa colheita. Plantar e cuidar da plantação é o que podemos fazer, é o que está a nosso alcance. O resto é torcer para que o clima esteja a favor e que pragas não venham aparecer justamente no nosso lado.

E se então estivermos, mais uma vez, no momento de plantar, paciência. Vamos deixar que as coisas sigam seu curso natural, zelando, dando o melhor e torcendo.

Pois mais cedo ou mais tarde, com sorte, iremos colher.

***

Outro dia li uma notícia que um idoso plantou de forma proposital, o boato que teria morrido. Chegou a publicar seu obituário em jornais da cidade do leste europeu em que vivia.

Quando uma de suas filhas viajou até a cidade para tratar do enterro, descobriu que o idoso estava vivo e que plantou aquelas informações pois se sentia só, já que há anos nenhum dos parentes, notadamente os filhos, iam lhe fazer uma visita.

Imediatamente ao ler a notícia, fiquei sensibilizado com a angústia do idoso. Que sacanagem dos filhos desnaturados!

Continuando a ler a matéria, vi que o idoso se queixava do tratamento que os filhos lhe davam. Que sempre fez tudo por eles! Que quando foi trabalhar no Canadá, sempre enviou dinheiro para que nada lhes faltasse...

Hum... Quer dizer que o idoso deixou os filhos no leste europeu e foi trabalhar no Canadá para garantir o sustento deles?

Será essa ausência, com a melhor das intenções, do pai para com os filhos, pode ter influenciado na distância atual, desses filhos para com aquele pai? Será que há uma relação?

Será que quem planta distância não vai colher distância um dia? Mesmo que essa distância tenha um motivo nobre?

São só perguntas. Não conheço a história da família. São apenas os poucos elementos extraídos da breve reportagem que me permitem especular que as consequências têm causas.

Que colhemos o que plantamos.

Sds,

Hugo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

8. A música do mês. Setembro. SEGURO

18. Hormônio ou essência

40. Toda Poesia