Micro Conto 01 - Capítulo 6
Nesse
instante Ele ficou gelado. Parecia que tinha tomado um soco no estomago. Linda
esposa? Filho prestes a completar um ano? Cada vez mais aquela situação se
tornava mais misteriosa e perigosa. Quer dizer que esses caras me conhecem? “Por favor, não façam nada a minha família. Eu
prometo cooperar. O que querem de mim? Vocês... Vocês me conhecem?” Ele
suplicou em pânico automaticamente, sem conseguir processar direito o que
aquela nova ameaça poderia significar. O bandido de camisa cinza, que começava
a parecer que exercia uma liderança sobre os demais, disse com a voz pausada e
calma: “Nós sabemos tudo sobre você. Sabemos quem é e o que faz e só queremos
uma coisa de você: você vai acessar a conta bancária do seu escritório através
desse notebook, e vai transferir uma quantia em dinheiro para a conta que vamos
te informar. Sem perguntas nem esclarecimentos. Feito isso, você vai para casa.”
Ele ficou completamente atordoado... Não acreditou no que acabara de ouvir.
“Acessar a conta do escritório para fazer uma transferência? Justamente hoje?!” Suas mãos começaram a ficar
trêmulas e ele não sabia o que fazer. No início da manhã tinha entrado na conta
do escritório uma quantia vultosa de honorários advocatícios referente a um dos
seus processos mais importantes. “Como eles sabiam disso? Quem são esses caras?”
O capítulo 7 será postado amanhã pontualmente às 8:00.
Capítulo 1
Ele saiu da aula de pós graduação no horário
costumeiro. Deixou o prédio da universidade, alcançou a rua e se dirigiu até o
carro. Tinha parado o veículo mais distante dessa vez, já que, como havia se
atrasado na chegada, não haviam mais vagas disponíveis próximas ao prédio da
instituição de ensino. A rua ainda estava movimentada: a maioria dos cursos de
pós graduação acabavam no mesmo horário, 22h15. A cerca de 10 metros do carro
seu celular tocou. Colocou a mão dentro do bolso, pegou o smartphone novo que
tinha adquirido a menos de um mês, estranhou o identificador de chamadas
constando “número confidencial”, mas imaginando se tratar de algum serviço de
telemarketing, atendeu. Do outro lado da linha, uma voz masculina, grave e
rouca perguntou se Ele era ele. Ele respondeu que sim e perguntou quem estava
ligando. Neste exato momento, chegou ao carro: acionou o botão da chave
elétrica e quando colocou a mão na porta, concentrado na voz que falava alguma
coisa muito baixo ao telefone, foi surpreendido por um golpe na cabeça, seguido
por um empurrão e uma voz dizendo: “vumbora, rapá, entra no carro agora!”
Capítulo 2
Ainda atordoado com a pancada na cabeça e sem
entender ao certo o que estava acontecendo, Ele foi empurrado para o banco de
trás de seu carro, juntamente com um sujeito de camisa vermelha, enquanto
outros dois ocupavam os bancos do motorista e do carona, respectivamente. Todos
mascarados. Com um gesto brusco, o sujeito que estava ao seu lado tomou-lhe a
chave do carro e passou para o motorista, que deu a partida e ganhou a avenida
rapidamente. Recompondo-se, Ele enfim percebeu que o sujeito de trás
apontava-lhe uma arma de fogo. Assustado, começou a pedir calma aos sujeitos,
oferecendo tudo que eles quisessem: “Calma, gente, calma. Eu não vou reagir.
Peguem minha carteira, meu celular e o carro se quiserem. Eu não vou fazer
nada...”. De certa forma, ele ainda continuava se sentindo relativamente calmo.
Durante os últimos anos os relatos de assaltos, “saidinhas bancárias” e
sequestros-relâmpagos tinham se tornado rotina entre familiares, amigos e
colegas de trabalho em sua cidade. Toda semana alguém de seu círculo de
relacionamento mais próximo era vítima de algum tipo de roubo. Mas então algo
aconteceu que lhe deixou claro que aquilo não era um assalto comum.
Capítulo 3
Inesperadamente, o sujeito sentado ao banco
carona sacou uma espécie de capuz da mochila e passou para o sujeito de camisa
vermelha que sentava ao seu lado. O sujeito de trás pegou o capuz e entregou o
revólver para o Carona, colocando o capuz na cabeça Dele, de uma forma, até,
cuidadosa. Em seguida, pegou seus braços, juntou-os e os prendeu numa algema
que parecia ser de um material plástico ou borracha. Nesse instante, ouviu a
voz do Carona falando, provavelmente ao telefone: “deu tudo certo, estamos com
ele a caminho da base.” Ele passou a ficar preocupado. Não se tratava de mais
um assalto padrão como tantos outros que muitos dos seus conhecidos vinham se
tornando vítimas e que estavam tão comuns na sua cidade cada vez mais decadente
e abandonada pelo poder público. Quase todos seguiam um padrão: levavam
celular, dinheiro, ou no máximo, o carro, mas a integridade física das vítimas
permanecia ilesa. Mas aquela sua situação ia demonstrando a cada instante que
se tratava de algo diferente. Aos poucos começou a perceber outros elementos
que indicavam que Ele poderia estar diante de uma quadrilha mais organizada.
Capítulo 4
Envolto naquele capuz, sem conseguir enxergar
nada, Ele passou a ligar alguns pontos. Lembrou-se da ligação de número
confidencial que recebera no momento em que entraria no carro. Na hora não
notou nada de anormal, pois eram relativamente comuns aquelas chamadas,
principalmente de empresas de telemarketing. Mas a voz do outro lado, além de
não se parecer em nada com a voz de agentes de telemarketing, falou seu nome e
depois ficou muito baixa, como se quisesse distrai-lo com o sussurro.
Somando-se a isso a aparente educação e forma de falar dos sujeitos, mais
correta e formal do que Ele julgava que seria o perfil padrão dos meliantes da
cidade. E agora, a peça mais estranha do quebra-cabeça: “vamos leva-lo pra
base”. “Meu Deus, do que ele estava falando? Sintonizaram o rádio numa estação
de música pop, colocando-o num volume muito alto e seguiram o trajeto todo sem
dar uma única palavra. Certamente não queriam que Ele ouvisse sons vindos da
rua, que pudessem identificar pontos pelo caminho. Ele até que tentou contar
curvas à direita e a esquerda e o tempo que permaneceram rodando, mas acabou se
perdendo. Cada vez mais apreensivo e com muito medo do que os próximos minutos
lhe reservariam, percebeu que o carro parou. O rádio foi desligado e ouviu a
voz do carona dizendo: “Chegamos”.
Capítulo 5
Ele foi levado ainda encapuzado para o
interior de uma casa. Tentando ficar atento a todos os detalhes, sentiu cheiro
de mato, percebeu que não subiram elevador e ouviu o latido de cachorros ao
longe. Dentro da casa, depois de alguns passos, foi colocado numa cadeira
quando ouviu uma voz dizer. “OK, pode tirar o capuz”. Ao voltar a enxergar, se
viu diante do seguinte cenário: estava num pequeno cômodo, sem janelas ou
qualquer outro móvel, além das cadeiras em que seus algozes e Ele próprio
sentavam e uma mesinha pequena na qual repousava um notebook. Os marginais
estavam todos cobertos com máscaras improvisadas pretas lisas, apenas com o
buraco dos olhos e bocas à mostra. Dois deles com armas apontadas para Ele.
Todos pareciam vestir o mesmo tipo de camisa básica de algodão: preta, marrom e
vermelha eram as dos sujeitos que vieram no carro com Ele. Um quarto elemento
se uniu aos outros vestindo a camisa cinza. Cercado pelos meliantes, Ele mais
uma vez suplicou: “por favor, não me machuquem. Farei o que estiver ao meu
alcance para ajudar vocês”. O de camisa cinza tomou a iniciativa e foi logo
dizendo: “se você cooperar estará a caminho de casa, para os braços da sua
linda esposa e do seu filho prestes a completar um ano, ‘né isso’, em poucos
minutos. E ninguém vai se machucar”.
Capítulo
6
Nesse
instante Ele ficou gelado. Parecia que tinha tomado um soco no estomago. Linda
esposa? Filho prestes a completar um ano? Cada vez mais aquela situação se
tornava mais misteriosa e perigosa. Quer dizer que esses caras me conhecem? “Por
favor, não façam nada a minha família. Eu prometo cooperar. O que querem de
mim? Vocês... Vocês me conhecem?” Ele suplicou em pânico automaticamente, sem
conseguir processar direito o que aquela nova ameaça poderia significar. O
bandido de camisa cinza, que começava a parecer que exercia uma liderança sobre
os demais, disse com a voz pausada e calma: “Nós sabemos tudo sobre você.
Sabemos quem é e o que faz e só queremos uma coisa de você: você vai acessar a
conta bancária do seu escritório através desse notebook, e vai transferir uma
quantia em dinheiro para a conta que vamos te informar. Sem perguntas nem
esclarecimentos. Feito isso, você vai para casa.” Ele ficou completamente
atordoado... Não acreditou no que acabara de ouvir. “Acessar a conta do
escritório para fazer uma transferência? Justamente hoje?!” Suas mãos começaram a ficar
trêmulas e ele não sabia o que fazer. No início da manhã tinha entrado na conta
do escritório uma quantia vultosa de honorários advocatícios referente a um dos
seus processos mais importantes. “Como eles sabiam disso? Quem são esses caras?”
Comentários
Postar um comentário