48. Vergonha Alheia
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Pra sentir vergonha
alheia
A pessoa tem que ser
infalível
Sempre conseguir o
que anseia
Sem se tornar
invisível
Porque se esconder e
criticar
É postura acomodada
Apontar falhas sem se
arriscar
É fácil e não quer
dizer nada
Só não erra que já
morreu
Só não falha quem não
se aventura
Perfeição é atributo
de Deus
Então gente não
merece censura
Tenho
estado intolerante com a intolerância que vejo por aí. Incomoda-me bastante o
quanto as pessoas vêm criticando e falando mal umas das outras. E, como tudo
que cerca comunicação e formas de expressão, com a internet essa intolerância é
aumentada à máxima potência.
Estaria eu me igualando à pessoas que
criticam, quando as critico? Sim. E não. Propõe-se aqui somente uma reflexão
sobre um padrão de comportamento.
E
esse comportamento recebeu ultimamente uma expressão que o define e que vem
sendo bastante utilizada de uma forma geral: “vergonha alheia”.
O que vejo de gente dizendo que sentiu
vergonha alheia de fulando quando fez isso e de sicrano quando disse aquilo...
Outro
dia, durante a transmissão de um prêmio da música brasileira por exemplo, vi
dezenas de pessoas nas redes sociais utilizando a expressão “vergonha alheia”
ao se referir à transmissão televisiva do prêmio. Lembro-me que criticaram
muito um consagrado cantor sertanejo, já meio veterano, que parecia estar rouco
ao apresentar seu número musical no evento.
Já
escrevi sobre temas parecidos em duas outras oportunidades neste mesmo blog,
ressaltando o quanto me incomoda esse julgamento excessivamente rigoroso que se
faz das pessoas.
Tem
que ser muito perfeito para chegar ao ponto de sentir vergonha alheia de
alguém. Ainda mais quando essa “vergonha alheia” refere-se, normalmente, a
gente que teve peito de se expor, protagonizar e se arriscar ao erro.
O
grande Humberto Gessinger diz numa música: “seria mais fácil fazer como todo
mundo faz / sem sair do sofá, deixar a Ferrari pra trás”. E o não menor Carlos
Maltz emenda constantemente nos diálogos filosóficos do twitter: “só não erra
quem já morreu.”
Pois
eu, cada vez mais, sinto orgulho alheio quando vejo gente arregaçando as
mangas, tomando as rédeas dos próprios sonhos e procurando se tornar o ator
principal da própria caminhada, mesmo que erre, falhe, desafine ou pague um
mico.
Hoje,
dou muito mais valor à tentativa de acerto independentemente do sucesso ou não
da empreitada, ainda mais quando sucesso e fracasso podem ser conceitos bem
relativos.
O
medo de errar pode ser responsável pela mais melancólica fraqueza do ser humano
que é a desistência de tentar. E diferentemente do risco que se corre de passar
pelo ridículo, sem tentar, aí sim, o fracasso é garantido. De modo absoluto.
Sds,
Hugo
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