39. Manifestações Individuais e Coletivas

        fonte da foto: http://www.aerorig.com.br/brinquedo/Resta%20Um%20%202010.jpg

                 


todos somos um
 um todo coletivamente
o que temos em comum
é que somos diferentes

todos somos um
seres individuais
o que temos em comum
é que somos iguais

todos somos um
banais e especiais
o que temos em comum
é que juntos somos mais

O Brasil vive um momento ímpar na sua história. Todos observamos atônitos e emocionados milhares de pares de pessoas indo às ruas para manifestar sua indignação.

Indignação "a que", exatamente, foi o que menos importou. A característica maior atribuída aos protestos era justamente a ausência de uma bandeira única, uma causa definida.

Vi algum jornalista, que esteve presente em algumas dessas manifestações, colocar (muito sagazmente ao meu ver), que cada pessoa tinha uma causa pessoal que queria ver ali expressada, exposta, descrita.

Achei essa a melhor análise do caráter indefinido e heterogêneo do atual levante popular.

A geração que foi às ruas é a mesma cuja mira do marketing e da publicidade verificou ser uma geração que tem a necessidade de ser cada vez mais vista de forma segmentada, individualizada.  Segmentação do consumidor virou um mantra no meio do marketing, por sinal.  Não é à toa que começamos a ver produtos em que os consumidores podem personalizar detalhes ou encontrar seus nomes expostos nas embalagens.

Por outro lado, o fenômeno da personalização, tem um elemento meio contraditório também. Todos querem o mesmo Iphone, mas com uma capinha estilizada própria. Ao mesmo tempo em que desejam ser tratados de forma "individual", parecem se sentir cada vez menos à vontade de fazer escolhas próprias, carregadas de personalidade. 

Foi mais ou menos o que se viu nessas manifestações. Todos queriam ter uma sua foto exposta numa rede social, para se sentirem inseridos no rebanho, mas cada um tinha um cartaz com uma reivindicação própria, individual.

Aliás, talvez essa seja mais uma característica dos protestos nos tempos atuais. Mais importa a forma do que conteúdo.  

Mais importante do que sobre "o que" protestar era estar lá, no meio do protesto.

E não é que, no fim das contas, do que se viu até agora, o fato de quererem "estar lá", independentemente da causa, não foi o saldo mais positivo dessas manifestações?!

Torço que esse fenômeno coletivo intenso e inesperado nos contagie a participarmos, individualmente, cada vez mais da vida política à nossa volta. Do condomínio em que moramos ao órgão de classe a que estamos vinculados. Do time de futebol para o qual torcemos ao grêmio estudantil do colégio em que estudamos.

Não apenas participando, mas também agindo. No dia a dia, nas pequenas coisas. Para que nossa ação pessoal contagie a ação do outro.

E que assim, possamos entender que a postura individual influencia a coletiva e a postura coletiva influencia a individual. Afinal, somos e seremos sempre seres sociais.



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