9. Representantes
A representação de nós mesmos
Há advogados que ajuízam ação requerendo para seu cliente,
de forma consciente, muito mais do que seria devido pelo devedor;
Há médicos contratados para atuarem concomitantemente em
um plantão de 24 horas em grupos de quatro, que combinam entre si, por conta
própria, que apenas dois permanecerão no posto médico enquanto dois podem ir
para casa;
Há jornalistas que inventam dados e estatísticas
inexistentes para ilustrarem suas matérias;
Há jogadores de futebol que usam a mão de forma indevida
para levarem a vantagem em um lance;
Há árbitros de futebol que apitam jogos pré-dispostos a
favorecerem uma das equipes por vantagens financeiras;
Há empresários que não pagam as horas extras exigidas e
trabalhadas efetivamente pelos seus empregados e que não recolhem o INSS de
forma devida;
Há empregados que preenchem suas folhas de ponto sem
mencionar os atrasos realmente ocorridos;
Há universitários que compram monografias para
apresentarem na conclusão do curso;
Há professores universitários que elaboram e vendem as
monografias aos alunos incapazes ou preguiçosos;
Há contribuintes que anexam recibos e despesas falsos para
minimizar os descontos do imposto de renda;
Há compradores e vendedores de imóveis que formalizam o
negócio por preço muito aquém do realmente acordado, para ludibriar o mesmo Fisco;
Há namorados que dizem à namorada que vão dormir, mas
correm para a balada;
Há alunos que assinam a lista de presença de colegas
ausentes falsificando suas assinaturas;
Há motoristas que passam a fila de carros engarrafados
pelo acostamento;
Há motoristas que dirigem constantemente embriagados
colocando em risco sua saúde e a de terceiros;
Há internautas que baixam músicas de forma sabidamente
indevida pela internet;
Há vendedores de carros que omitem sobre batidas sofridas
pelo veículo ao eventual comprador interessado;
Há cidadãos que subornam funcionários públicos para
agilizarem ou retardarem procedimentos burocráticos;
Há não estudantes que fraudam uma carteira de estudante para pagar meia-entrada em eventos culturais;
Há estudantes que lideram centros acadêmicos e fazem carteiras de estudante falsas para não estudantes fraudulentos;
Há pedintes que forjam doenças e alegam tragédias
fantasiosas para comoverem doadores;
Há eu, você e todos nós somos, diariamente, os advogados,
médicos, jornalistas, empresários, empregados, contribuintes, motoristas,
compradores, vendedores, cidadãos que estarão no próximo fim de semana esbravejando
contra a desonestidade dos candidatos disponíveis para serem votados nas
eleições.
Será que nós estamos sendo realmente honestos sempre que
podemos ser?
Será que os eleitos não seriam literalmente nossos
“representantes”?
Sds,
Hugo
Por que não ser
honesto, nos pequenos gestos
E nas grandes
posturas
Não estamos à
altura de tamanha virtude
Em toda e
qualquer atitude?
Não podemos ser
o primeiro a receber
O apelido de
otário
Recusando o
itinerário ordinário
De ser mais
esperto e sabido?
Será que esperteza
não seria a nobreza
De agir em
consonância
Com a
consciência e sem arrogância
Em toda e
qualquer circunstância?
PS 1: O reconhecimento de que todos podemos ser desonestos
em diversas situações diferentes do dia a dia, mais do que desilusão, deve servir
para o próximo passo: agir efetivamente a favor da verdade, da honradez e da
decência. Tolerância zero da nossa consciência às nossas atitudes antiéticas.
Somente assim, poderemos ser realmente melhor representados.
PS 2: Não lembro ao certo onde vi, mas me parece que na
filosofia ou na literatura, ou até mesmo no cinema, existem personagens
justiceiros que estabelecem critérios morais objetivos para punir aqueles que
se enquadram nas condutas definidas como passíveis reprovação, e que,
inevitavelmente acabam punindo a si próprios ao se darem conta que suas ações
acabaram por configurar os critérios objetivos que eles mesmo estabeleceram
(falar mal de quem fala mal dos outros não é falar mal do outro?)
PS 3: Há esperança.
Comentários
Postar um comentário