13. Música do Mês. Outubro. Mil Imagens.




Assista pelo link do youtube ou pelo player do blog acima postados

Filtro de fotos, rede social
Vida perfeita enfeita o mural
Feitos com efeito especial
Personal marketeiro e cara de pau

Nada é o que parece ser
Eu confio em você
Uma palavra vale mais que mil imagens

Faz-se de culto, culto à ilusão
Farsa, disfarce, falsificação
Três quilos mais gorda na televisão
Trinta anos mais nova após cirurgião

Nada é o que parece ser
Eu confio em você
Uma palavra vale mais que mil imagens

A falha de forma não se admite
Com o photoshop não tem celulite
Os truques visuais não têm mais limite
Tem morto ao vivo no palco, acredite

Nada é o que parece ser
Eu confio em você
Uma palavra vale mais que mil imagens
A cara limpa mostra mais que a maquiagem
O conteúdo pesa mais que a embalagem
Uma palavra vale mais...

?A queda das torres foi mesmo o avião?
?O homem na lua foi encenação?
?Debate ao vivo sofreu edição?
???O gol anulado foi feito com a mão???

Nada é o que parece ser
Eu confio em você
Sua palavra vale mais que mil imagens

A matéria acima, publicada em 29/10/12 no site da Globo.com, portanto muito depois da composição da música “MIL IMAGENS”, parece que resume muito bem o tema da letra acima transcrita.

Primeiramente porque ilustra uma devoção pelo aperfeiçoamento estético. Em segundo lugar, porque acaba esbarrando na questão da omissão da “verdade”.
Vamos lá.

MIL IMAGENS é uma letra que gosto bastante. Ela se baseia basicamente na seguinte questão: quanto mais a tecnologia torna a “imagem” algo fácil de ser editado, manipulado, falsificado, o que depõe contra sua credibilidade, parece que, paradoxalmente, mais as pessoas estão dando valor à... Imagem.

Se o famoso ditado anunciava que “uma imagem vale mais que mil palavras”, para enaltecer que imagens (um elemento preciso, claro, inquestionável, definitivo) tinham mais credibilidade do que palavras (frágeis, pouco confiáveis, seja pela possibilidade da mentira por quem a diz, seja pela própria limitação de se descrever uma representação gráfica) hoje a credibilidade da “imagem” virou pó: no cinema, as possibilidades dos efeitos visuais parecem ilimitadas; nas capas de revistas, ninguém mais acredita na perfeição da pele e formas das modelos; nos shows musicais super produzidos, assistimos duetos sobrenaturais.

Mas não só a tecnologia digital da arte e da mídia profissional pode brincar com a “imagem”. Hoje em dia qualquer um pode fazer montagens quase perfeitas de fotos e vídeos em sua própria casa. Qualquer um pode ter o corpo que se quiser, caso se submeta a cirurgias plásticas, reduções de estômagos, esteróides e anabolizantes facilmente comprados em academias de ginásticas ou o cabelo que quiser, a cor dos olhos que desejar, os lábios que pretender imitar. E qualquer um pode posar de inteligente, culto, estudioso, aventureiro, engraçado, sensível, criativo, bonito no mundo virtual das redes sociais.

Ou seja, vivemos um momento em que a “imagem”, tanto aquele objeto gráfico palpável que parecia definitivo (incluindo aí, nosso próprio corpo), como a “imagem” imaterial que queremos passar de nós mesmos, passaram a ser algo banal, de fácil falsificação, muito pouco confiável.

E aí, a “palavra” passa a ser a bola da vez. Num mundo em que a “imagem” perdeu seu valor, a “palavra” se torna o objeto de desejo. É a “palavra” o elemento precioso, raro, admirado, pretendido no ambiente dominado por “imagens” tão frágeis.

Nesse ponto a letra da música (através da palavra) brinca com dois sentidos interessantes: a palavra no sentido do conteúdo, da cultura, da essência, da profundidade, da substância e também a palavra no sentido da verdade: “eu lhe dou minha palavra”.

Num cenário em que a atriz gostosa da novela pessoalmente é bem magrinha e que a senhora experiente de 60 anos parece ser uma mulher de 35, é na palavra que vamos nos agarrar com todas as forças: magrinha ou gostosa, nenhuma mulher se mantém interessante se a conversa não fluir com a nossa por mais de 10 minutos; por mais que queria parecer mais jovem, a experiência de vida daquela senhora a denunciará mais cedo ou mais tarde (o que pode ser muito bom para ela).

Mas que essas palavras acima escritas sobre a letra de MIL IMAGENS não limitem o entendimento sobre ela. Sinto-me um tolo quando tento escrever sobre minhas músicas. Nenhum texto parece ser suficientemente abrangente para abraçar todas possibilidades que vejo (e as que não vejo) nelas.

Nesse caso específico, uma audição vale mais que mil palavras.

Sds,

Hugo

PS 1: Fiquei tão centrado em falar sobre a letra de Mil Imagens que acabei não dizendo nada sobre a melodia e arranjos. Melhor assim. Assim como palavras são para serem lidas, músicas devem ser ouvidas. Só posso dizer que a cada música gravada fico mais satisfeito com a sintonia da parceria com o grande arranjador Yonsen Maia.

PS 2: Apesar das imagens do homem pisando na lua, do avião batendo nas torres, do político debatendo ao vivo, há pessoas que defendem veementemente que certos eventos não aconteceram, ou que pelo menos não ocorrerem como parecem ter sido. Ou seja, a credibilidade em “imagens” anda baixa há algum tempo... E quanto ao gol feito com a mão, então? Pode até ser que a imagem congelada mostre a bola batendo na mão do jogador, mas a regra do futebol dispõe que só há ilegalidade no lance em que a bola atinge uma mão, quando há intenção do jogador em tocá-la com o membro superior. Intenção! Quer algo mais subjetivo? A melhor solução seria se o árbitro pudesse perguntar ao atleta qual foi sua intenção: “eu confio em você – sua palavra vale mais que mil imagens”.

PS 3: Em função dos canais de divulgação mais usados por mim atualmente oferecem a possibilidade de compartilhamento de vídeos de forma mais fácil do que apenas áudio, como Youtube e Facebook, comecei publicando as músicas desse projeto atual através de vídeos-clipes. Na primeira música gravada, “SENTIDO”, gostei muito do resultado do clipe caseiro produzido por mim mesmo, pois, por ser uma homenagem para minha namorada, foi feito com muito cuidado, carinho e dedicação, tendo um componente emocional muito importante. O segundo clipe, da música “UNILATERAL”, já não ficou tão bom; o que julgo ter sido uma boa idéia, não me pareceu muito bem executada pelas minhas limitações de tempo e de técnica com as ferramentas. Então, me vi numa sinuca de bico. Depois de batalhar bastante para chegar a um resultado de áudio que me satisfizesse, teria agora que investir mais dinheiro e tempo para produzir clipes mais profissionais? Caso enveredasse por esse caminho, não sei quando me sentiria à vontade para divulgar as músicas. Além do mais, a representação gráfica das músicas passaria a ter praticamente a mesma importância que as próprias canções, o que não é o objetivo deste compositor. Assim, a partir do clipe de PANELA, decidi que nos vídeos-clipes, em vez de imagens, constariam apenas as letras das músicas. Uma boa saída para quem escreve um blog, tentar investir na evolução da qualidade dos textos de crônicas, poesias e letras e que pretende dar o título do projeto/disco/cd/álbum atual de “Uma palavra vale mais que mil imagens”.

PS4: Todas as 5 músicas têm links dos vídeos aí do lado direito ->

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